Desafiada a comentar os temas contemplados no programa científico, a especialista afirma que as “temáticas relativas à COVID-19 são as que chamam mais atenção, uma vez que esta população de doentes imunodeprimida tem suscetibilidade de ter algum tipo de infeções e isso é uma preocupação para qualquer médico que se dedique a esta área”.
“Globalmente, [a COVID-19] não teve assim um impacto tão negativo nestes doentes”, começa por apontar a médica, explicando que, aquando do início da pandemia, os clínicos sentiram algum “receio em introduzir determinadas terapêuticas e de não conseguir fazer um seguimento adequado", uma vez que não os queriam expor a maiores riscos na realização dos exames, que vieram a ser cancelados.
A partir da experiência internacional e com o passar do tempo, foi-se "percebendo que a infeção não tinha impacto negativo nos doentes que estavam imunodeprimidos, pelo menos com alguns dos fármacos”, fator que veio dar maior estabilidade e segurança aos clínicos para continuarem a tratar e até iniciar alguns medicamentos.
Relativamente à possível vacina para a COVID-19, a neurologista afirma que estão já a ser tomados cuidados: “Alguns fármacos interferem com a resposta imune natural que se desenvolve com uma vacina. Isso são tudo questões que nos preocupam e que nos fazem questionar a nossa atuação diária, quando antes nem sequer pensávamos nisso”.
Em jeito de retrospetiva, a Dr.ª Helena Felgueiras afirma que os maiores avanços registados nos últimos anos nesta área foram a nível terapêutico. “Temos disponíveis tratamentos consideravelmente mais eficazes que melhoram a qualidade de vida dos doentes, que registam um menor número de surtos e, consequentemente, conseguem fazer a sua vida o mais normal possível". Além disso, estas terapêuticas "atrasam o início das formas progressivas da patologia”.